Os Movimentos de Pobreza Apostólica

 
      Recebendo a adesão de diferentes grupos, tais como: os Cátaros, os Arnaldistas, os Valdenses, os Domini-canos e Franciscanos, esse movimento pode ser caracterizado pela forma de se viver o cristianismo como os apóstolos viviam.
 
  • Os Cátaros
        Eram da cidade de Albi, França, e, por isso, também eram chamados de Albigenses. Era uma grupo anticlerical (desafiavam as normas da Igreja Oficial) e defendiam o sacerdócio universal de todos os crentes. Por esse motivo sofreram diversas perseguições. Esse grupo foi muito importante nesse período, pois além de indispor contra aqueles que estavam e detinham o poder, eles priorizaram a leitura do Novo Testamento na língua do povo.
 
        É importante lembrar que a Igreja Cristã Medieval (ICM) havia estabelecido alguns dogmas que provocava muitas tensões e dentre eles, podemos citar: a retirada do cálice da Santa Ceia – o calice passou a ser destianado apenas ao oficial do cerimonial e o pão era distribuido para todos. Um outro dogma foi a obrigatoriedade do latim. Não se falava mais latim na maior parte dos espaços e as falas eram decoradas e transmitidas sem entendimento.
 
        Esse grupo chegou a ser maioria no sul da França e para conter o avanço desse grupo e da sua doutrina, a Igreja Oficial lançou mão de dois recursos. O primeiro foi o estabelecimento da Inquisição (forma de conduzir as pessoas, principalmente os líderes, para o caminho que a Igreja Oficial entendia como verdadeiro. Para alcançar seu objetivo a Igreja lançava mão até da tortura). O segundo recurso foram as Cruzadas. As Cruzadas já haviam sido usadas contra os árabes e mulçumanos na Palestina e o ideal de cada cavaleiro cruzado era a idéia que permeava todos os ambientes da sociedade. Esse grupo foi um grupo de reação doutrinária, não importando a questão de juízo, que visava conter a promoção e o avanço desses grupos que pregavam a ruptura com a doutrina e os dogmas da Igreja. A punição para esses grupos era a morte.
  • Os Arnaldistas
        Eram discípulos de Arnaldo de Bréscia e contestavam as posses da Igreja oficial e o poder temporal dos papas. Seu principal mentor foi enforcado, em 1155, por Frederico I (Imperador Romano-Germãnico), conhecido como o Barba-Roxa.
 
        O poder temporal dos papas é o período dos ditos papais que colocavam os papas acima de todos os homens. A idéia antiga do papa ser o substituto de Pedro é alterada e o papa passa a ser o vigário ou substituto de Cristo. Gregório VII escreveu esses ditos que colocavam o papa com o poder de instituir ou destituir reis, abrir ou fechar dioceses, etc. Esse fortalecimento da figura papal fez com que muitos grupos rejeitassem essa perspectiva da Igreja.
  • Os Valdenses
        Disípulos de Pedro Valdo, eram conhecidos como "pobres de Lyon". Esse grupo defendia a livre interpretação das Escrituras. O seu discipulador morreu, perseguido pela Igreja Oficial, em 1217.
 
           Pedro Valdo instituiu uma espécie de ordem de pregadores que eram chamados de “os pobres de Lyon”. Com esse grupo aconteceu uma situação diferente, pois eles tiveram uma continuidade. Essa igreja que nasce em 1180 e atravessa o ano 1200 existe ainda hoje, sendo a sua maior expressão no Uruguai.

        Nota: Os Valdenses três séculos antes de Lutero formaram uma igreja que existe até hoje.

  • Os Dominicanos

        Tinham como seu mentor Domingo de Gusmão que nasceu Caragola, Castela, entre os anos de 1171 e 1173. Em 1196 Domingo de Gusmão se tornou cônego (é o presbítero que vive sob uma regra que o obriga a realizar as funções litúrgicas mais solenes na igreja) agostiniano. Impactado pelo ideal de vida dos Cátaros e Valdenses formou uma nova ordem que ficou conhecida como "frades pregadores". Domingos de Gusmão morreu em 1221.

  • Os Franciscanos

        Eram disípulos de João Bernadone (Francisco). Bernadone nasceu em 1181/1182 na cidade de Assis. Francisco iniciou sua vida religiosa entre os anos de 1206 e 1207 até que seu encontro com o Papa Inocêncio III mudou sua história, pois o Papa aprova sua ordem, conhecida como "frades menores" fazendo com que esse movimento se tornasse o mais emblemático de todos. 

        Francisco foi um grande incentivador da Ordem Feminina das Clarissas e da Ordem Terceira formada por leigos que queriam continuar sua vida na cidade, mas com um compromisso com Deus.

 

        Como vimos acima, todo movimento que é diferente do oficial não é bem identificado por quem passa a sua volta. Contudo, parece existir um diálogo entre esses grupos e seus movimentos, pois o Movimento de Pobreza Apostólica não é novo. Esse movimento já estava presente no Monasticismo No segundo século já encontramos grupos que buscavam o ideal de uma vida simples e humilde característico de uma vida de pobreza. Na Idade Média as pessoas conservavam esse ideal como uma forma de protesto contra a Igreja Oficial e suas ostentações.

 

        Cabe-nos, agora, uma pergunta para reflexão: esses movimentos buscavam construir ou reformar a Igreja?